poesia-revolução

Arthur Rimbaud

o que aprendemos com arthur rimbaud, na perspectiva de mário faustino:

1 a partir do momento em que o poeta constrói uma poesia nova, sua poesia, é melhor calar que repetir-se ou limitar-se a explorar cambiantes de uma expressão pessoal. melhor calar que facilitar-se. mesmo porque, por outro lado, a poesia, em seu processo de autopurgação do prosaico, tende ao silêncio, à página em branco;

2 o pior inimigo do artista é o aburguesamento. sinais de aburguesamento: repetição dos outros, auto-repetição, amor da solução fácil, autocontentamento, cosmossatisfação, compromissos, concessões ao “gosto” do público e dos críticos., obras de arte feitas para agradar (naturalmente, estamos falando do artista adulto. no período de formação, o jovem poeta deve repetir para aprender; todavia, fique sempre claro tratar-se de aprendizagem,e que se passe logo que possível para o laboratório e, finalmente, para a descoberta, a criação e a pregação do novo);

3 só interessa o grande e o novo; melhor não ser do que ser poeta menor ou poeta maior frustrado: na arte, (…), só permanecem os que têm terreno próprio, os que descobriram uma espécie nova, mineral, vegetal ou animal, os que empurram a língua e o mundo para a frente.

4 poesia é instrumento, não é fim; com a poesia, fazem-se objeto, que se doam aos homens; com a poesia torna-se a língua mais eficiente, mais rica, mais adaptável às necessidades contemporâneas; a poesia é meio de conhecimento do universo e de comunicação com os homens; a poesia é, em todos os sentidos, instrumento de revolução.

concordo particularmente com o primeiro ponto: melhor calar-se a se repetir.

há um verso meu que caminha nessa direção: “melhor ficar calado a ter voz de mudo”.

coisas assim.

os quatro pontos-síntese acima podem ser encontrados de forma mais contextualizada no capítulo poesia-revolução: arthur rimbaud, do livro “artesanatos de poesia: fontes e correntes da poesia ocidental”, organizado por maria eugenia boaventura e publicado pela cia das letras em 2004.

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Sobre Demétrio de Azeredo Soster

Demétrio de Azeredo Soster é Pós-doutor pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos, 2016). Possui graduação em Jornalismo (Unisinos, 1990), mestrado em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs, 2003) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Unisinos (2009). Pesquisa midiatização, narrativas, jornalismo e literatura. É professor permanente do Programa de Pós-graduação em Letras – Mestrado e Doutorado e do Curso de Comunicação Social da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Coordena a Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami) da SBPJor, que fundou. Integra os grupos de pesquisa do CNPq Midiatização das práticas sociais (Unisinos) e Grupo de estudos sobre narrativas literárias e midiáticas (Genalim/Unisc). É editor da revista Rizoma: midiatização, cultura, narrativas - Qualis B2, e diretor-editorial da Editora Catarse Ltda. É membro-fundador da Academia Santa-cruzense de Letras (ASCL) e da Associação Santa-cruzense de Escritores (ASCE). É autor, em literatura, de Tempo Horizontal (Edunisc, 2013); Livro de Razão (Insular, 2014); Quase Coisa (Catarse, 2015); Pérolas de Pedro (Catarse, 2015); Livro das Sombras, Jazz & Outros Poemas (Catarse, 2016); Operação Banda Oriental (Catarse, 2017); Pérolas de Pedro: 2ª edição revisada e ampliada (Catarse, 2017); Operação Valparaíso (Catarse, 2018); Honkyoku (Catarse, 2019); e, finalmente, Operação Carretera Austral. (Catarse, 2019, no prelo.) Contato deazeredososter@gmail.com Ver todos os artigos de Demétrio de Azeredo Soster

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