passaram-se 17, 18 anos desde a primeira vez e ainda hoje não sei se gosto dele, apesar das palavras.
o amor tem dessas coisas, não há o que ser feito.
mas o fato é ninguém desconfiou que o outrora fabrício, aquele cuja morte acaba de ser revelada pelo bufão do carpinejar, está vivo. e de volta.
melhor dizendo: fabrício não morreu de morte matada, ou morrida. quem morreu foi outro fabrício.
explico.
depois de ter criado o personagem carpinejar de unhas pintadas a partir de um fabrício de terno e gravata, e se transformado no primeiro (eu havia cantado esta pedra havia muito), a ponto de perder o controle, o cara que também se chama carpinejar acaba de anunciar a morte de um morto.
leia o texto; tire suas próprias conclusões.
a julgar pelas palavras, dá pra pensar que é isso mesmo; que quem manda no pedaço, mais do que nunca, é, definitivamente, carpinejar, e que os ternos e fatiotas do fabrício permanecerão onde foram guardados há quase duas décadas: no armário.
é possível, claro.
quer me parecer, no entanto, que estamos testemunhando o nascimento de um novo personagem.
até pode ser que não se chame fabrício, como aquele dos ternos, gestos e versos invejáveis que conhecemos ali atrás, pois que morto está, como anunciado.
é possível.
assim como é possível que este novo ser venha com uma sede notável de versos, dado o longo estio.
aí neguinho, é comemorar.
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Sobre Demétrio de Azeredo Soster
Demétrio de Azeredo Soster é Pós-doutor pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos, 2016). Possui graduação em Jornalismo (Unisinos, 1990), mestrado em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs, 2003) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Unisinos (2009). Pesquisa midiatização, narrativas, jornalismo e literatura. É professor permanente do Programa de Pós-graduação em Letras – Mestrado e Doutorado e do Curso de Comunicação Social da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Coordena a Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami) da SBPJor, que fundou. Integra os grupos de pesquisa do CNPq Midiatização das práticas sociais (Unisinos) e Grupo de estudos sobre narrativas literárias e midiáticas (Genalim/Unisc). É editor da revista Rizoma: midiatização, cultura, narrativas - Qualis B2, e diretor-editorial da Editora Catarse Ltda. É membro-fundador da Academia Santa-cruzense de Letras (ASCL) e da Associação Santa-cruzense de Escritores (ASCE). É autor, em literatura, de Tempo Horizontal (Edunisc, 2013); Livro de Razão (Insular, 2014); Quase Coisa (Catarse, 2015); Pérolas de Pedro (Catarse, 2015); Livro das Sombras, Jazz & Outros Poemas (Catarse, 2016); Operação Banda Oriental (Catarse, 2017); Pérolas de Pedro: 2ª edição revisada e ampliada (Catarse, 2017); Operação Valparaíso (Catarse, 2018); Honkyoku (Catarse, 2019); e, finalmente, Operação Carretera Austral. (Catarse, 2019, no prelo.) Contato deazeredososter@gmail.com
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