Arquivo da categoria: leituras

um sarau digno de nota

muito, mas muito legal o sarau que killy freitas e eu realizamos, na noite de sábado 1º de outubro, na casa plural, um espaço megabacana aqui de santa cruz do sul, tocado por nossa queria amiga maria rita peroni.

declamamos poemas do “o livro das sombras, jazz  & outros poemas” (catarse, 2016), em particular os poemas do “jazz poetry”,  mas, também, alguma coisa do “livro de razão” (insular, 2014) para cerca de 40 pessoas.

no álbum deste blog, à direita do  post,  você confere como tudo se deu.

a foto abaixo, de verônica sallet soster, minha filha, traduz com precisão um pouco de como tudo se deu.

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sábado é dia de sarau na casa plural

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sobre o que houve ontem à noite

passei pra dizer que ontem, 16 de outubro, realizei o lançamento do “quase coisa” (catarse, 2015) em porto alegre, na livraria e cafeteria palavraria.

e que foi uma noite muito legal, repleta e poesia e abraços fraternos, com direito a falta de luz e muitas risadas.

declamei 15 poemas do livro, tendo como trilha as cordas de meu amigo killy freitas.

agradeço, uma vez mais, à palavraria, pelo espaço; ao killy, pela parceria; à verônica, minha filha, que fez a cobertura fotográfica, bem como a cada um dos que lá estiverem comungando conosco.

nos retratos, um pouco do que houve ontem à noite.

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Esquina

poema de nei duclós

Procuro alguma coisa bela
na rua que perdeu a alma
a lua, alguma coisa nova

Procuro alguma coisa séria
a prova de que estou na terra
a estrela que não for loucura

Procuro alimentar os olhos
com a luz que brota da calçada
na curva de uma esquina clara

Procuro aquilo que me espera
o corpo que recusa o escuro
a mão que enfim de desamarra

(à página 31 do livro “No mar, veremos”, globo,2001)

nei duclós


Dentro da memória

A memória é pedra.

Pedra dentro da perda,
que o tempo iguala.

Ele – o que é, sem sê-lo –
arde aos ossos do frio,
às fímbrias do gelo.

Os mandatos da espera
cumprimos.

Às leis do tempo lutamos,
sabedores da sentença.

Mas o tempo dorme
sem toga o gravata.

(poema de jaime vaz brasil, à página 36 do livro “inventário de chronos” – WS editor, 2002)

Angústia

Não vim domar teu corpo esta noite, ó cadela
Que encerras os pecados de um povo, ou cavar
Em teus cabelos torpes a triste procela
No incurável fastio em meu beijo a vazar:

Busco em teu leito o sono atroz sem devaneios
Pairando sob ignotas telas do remorso,
E que possas gozar após negros enleios,
Tu que acima do nada sabes mais que os mortos:

Pois o Vício, a roer minha nata nobreza,
Tal como a ti marcou-me de esterilidade,
Mas enquanto teu seio de pedra é cidade.

De um coração que crime algum fere com presas,
Pálido, fujo, nulo, envolto em meu sudário,
Com medo de morrer pois durmo solitário.

stéphane mallarmé
(poema de stéphane mallarmé, veiculado pelo site escritas.org)

regresso

regresso sempre
o mar é bater na orla
o vento é roer batentes
regresso na umidade
quando as coisas se incham
e podem esconder meus olhos

 

 

 

 

(poema de vera lúcia de oliveira, à página 29 do livro “a poesia é um estado de transe” (portal literatura, 2010)


“difícil fotografar o silêncio”, de manoel de barros, por antônio abujamra


poema em linha reta, por osmar prado

uma das interpretações mais lindas que conheço do “poema em linha reta”, de fernando pessoa, pela voz de osmar prado.


Alvorada em Bangkok

O poder abrir-te como quem abre uma lata
de sardinhas, um olho podre, um baú de sedas velhas,
ou como quem abrisse um vidro de perfume, ou abrisse
(abro) um segredo à polícia política de Bangkok.

Isso não vem de mim, de tu, de ninguém conhecido
que se possa chamar Irmão.
Vem da fereza precisa do cão danado
não morto em Babel.
Vem da natureza ali fechada
no ventre universal
                                    de Buda.

(poema de guilhermino cesar, à página 123 do livro “sistema imperfeito & outros poemas (globo, 1977))


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