O morto não morre,
não há colo nem cruz
onde repousa o que palpita cego
e lancinante pervaga.
Sei que me olha de uma fenda quântica,
mas eu o queria aqui, comigo,
delirante, fraco, mas comigo,
junto comigo, o meu querido irmão.
Numa carta lingínqua me escreveu
‘Somos de Deus, irmã’.
Uma bela antífona ao choro desta noite
até que chegue o amanhã.
(poema de adelia prado, à página 45 do livro ‘miserere’ – record, 2014)